domingo, 27 de março de 2011

Demodé



Todas as noites devaneio sozinha sobre o mundo, as relações sociais, meu futuro, futuros de outros que pouco conheço e outros que tanto amo. Queria apenas não pensar. Pensar cansa muito e aumenta as aflições. Seres como eu, altamente ansiosos não podiam nascer com tendências para a área social-humanista, devíamos ser todos destinados obrigatoriamente ao mercado de exatas, contas, resultados, nada de opinõeS, contextoS, pessoaS, realidadeS, tudo sempre no plural e com mais de um ponto de vista. Acho que estamos destinados a derrota (por hora essa parte do texto parecerá mais pessimista do que deveria), a frustração ao sentimento de FALTA. Sempre é possível outro ponto de vista, somos por demais flexíveis num mundo autoritário, tendencioso e estereotipado.

Escarro





Eu sou uma máquina como qualquer outra, com alguns, porém chamados de sentimentos. Alimento, todos os dias com substâncias estranhas, que vão além das comidas normais, me alimento de afeto infindo que encontro em coisas extremamente banais e pessoas que não teria menor motivo para gostar, mas que gosto muito. Todas minhas entranhas, como de qualquer outro animal excretam espessas gosmas, nem sempre de boa aparência, mesmo assim preciso, delas para que a máquina possa funcionar normalmente, ou mandar embora qualquer invasor.

domingo, 20 de março de 2011

Ontem



"Ela não sentia medo, apenas uma alta percepção das coisas"

Desejei por segundos usar qualquer tipo de drogas para aliviar a tensão conseguida durante os 10 meses de uma maluca experiência. De fato não o fiz apenas afoguei-me em xícaras de café e antialérgicos. Não dormi, mesmo sendo essa uma mistura eficiente. Senti profundamente os danos da gripe ao meu corpo, tosse rouca, chiado nos peitos, catarro, dor no ouvido de sempre, esquerdo. Garganta levemente dolorida e o corpo mole.

Mole, corpo mole. Vontade de mandar todo mundo ir plantar orquídea no asfalto. De largar tudo, mudar de cidade e deixar que imploda o sistema público ordinário da cidade em que nasci.

O problema é que a raiva passa. Dormir 12 horas resolve o problema, e acredito que seja mais eficiente que as drogas. Da-le espírito de Che Guevara, e amanhã ou depois tudo voltara ao normal e eu continuarei remando contra a maré.